Arco e flecha

Da Pré-História à atualidade: o arco e a flecha também fazem um esporte

Apaixonado pelo arqueirismo desde a infância, Jilson Jansen mantém viva a modalidade em Pelotas. Mundialmente, brasileiro Marcus D’Almeida aparece no topo do ranking

Foto: Carlos Queiroz - DP - Em casa, pelotense tem exemplares de todos os tipos: tradicional, olímpico e indígena

Basta uma caixa de papelão cheia de mais papelões por dentro com um alvo impresso, colado, para Jilson Jansen, 60 anos, manter viva a prática do arqueirismo. Pioneiro da modalidade em Pelotas, ele é apaixonado desde a infância. Hoje, ostenta arcos e flechas de diferentes tipos em casa, onde adapta um espaço para a atividade. O zelador de condomínios faz questão de exaltar os benefícios desse esporte e pretende voltar a organizar turmas de alunos para torná-lo mais comum por aqui. 

“O arco, focando no ser humano, na nossa saúde mental… genuinamente é concentração mental e física. Se você quer uma terapia pra ter em família... E não tem gênero, não tem idade. Um esporte pra compartilhar com família e amigos”, fala Jansen, em meio às detalhadas explicações sobre as peculiaridades de cada um dos exemplares. 

Jilson quer ser professor de arqueirismo novamente. Há alguns anos, utilizava espaço no Eleven Sports e orientava interessados pela atividade. Segundo ele, compromissos pessoais dos alunos geraram o cancelamento das turmas. Agora, a ideia é recuperar uma agenda fixa e reiniciar os trabalhos.

Parte técnica

Pés na largura do ombro e corpo totalmente vertical, de forma paralela ao alvo. Quem é destro pega o arco com a mão esquerda e puxa a corda com a direita, até a altura da boca, respirando fundo. Com calma, deve fechar o olho esquerdo e mirar o alvo com o direito – canhotos fazem o contrário. 

Além da técnica, também se precisa de muito foco. O instrutor acerta o centro do alvo naturalmente, como se parecesse simples. A reportagem tentou e comprovou que não é nada fácil realizar o movimento correto.

Composição

Um arco se divide em três partes fundamentais, explica Jansen: riser (onde a flecha se apoia), lâminas e corda. O que difere um do outro é o material e, consequentemente, as categorias. A principal é a tradicional, mas também existem a olímpica e a indígena – ou primitiva. O modelo tradicional, por exemplo, tem diferentes tipos de madeira, fibra, lâmina, corda, cola e resina. 

A empresa responsável por produzir os arcos de Jilson é a Xavantes, de Itatinga (SP). Madeiras nobres da Amazônia, como roxinho, marfim e pau-brasil, compõem o instrumento. “Isso aqui é genuinamente nacional, o punho do arco, ou o riser”, diz o especialista. Já as flechas, posicionadas em uma clássica aljava, são feitas de fibra de carbono e têm uma ponta de aço inox. 

O instrutor estima que um arco tradicional chegue a Pelotas, hoje, por cerca de R$ 1 mil. Itens da modalidade olímpica (leia mais na sequência), vindos da China, podem custar o dobro ou o triplo, sem os adereços necessários. No País, o estado do Paraná é citado por ele como polo da produção dos equipamentos.

Tem brasileiro no topo do mundo

O tiro com arco integra o quadro das modalidades olímpicas desde 1952. A Coreia do Sul é a nação com mais medalhas, seguida por Estados Unidos, Bélgica, França e Itália. Mas se engana quem pensa que o Brasil não tem força nesse esporte. Em fevereiro deste ano, o carioca Marcus D’Almeida, 25 anos, atingiu o topo do ranking mundial. 

A boa fase de D’Almeida, aliás, se mantém. Há um mês o brasileiro se sagrou campeão de nova etapa da Copa do Mundo de tiro com arco, em Shangai, na China. Para conquistar o título, ele superou ninguém menos que o campeão olímpico em Londres 2012, o sul-coreano Oh Jin-Hyek. Assim, Marcus garantiu lugar na etapa final do Mundial 2023. 

A distância e a complexidade da versão olímpica do arqueirismo são maiores. O tiro é dado a 70 metros do alvo. Se for em espaço aberto, naturalmente elementos naturais interferem na técnica do arqueiro. “É como se fosse atirar de revólver”, relaciona Jilson Jansen. Nesse estilo da modalidade os duelos ocorrem em cinco sets de três tiros para cada competidor, e o local acertado no alvo também conta pontos, além da vitória nos sets. 

A WA (sigla em inglês para a Federação Mundial de Tiro com Arco) é a entidade que rege o esporte internacionalmente. Uma atividade dependente de muitos elementos mas, em especial, de leveza, rapidez e resistência do material. O arco e a flecha são íntimos do homem desde a Pré-História, mas nem por isso deixam de ser relevantes hoje em dia. “Aperfeiçoamento, evolução. Quem é que para a evolução?”, resume o pelotense mais apaixonado pela prática.

Tem interesse? 

Pelo WhatsApp (53) 98413-3692 é possível entrar em contato com Jilson para manifestar interesse em aprender o arqueirismo. Via Instagram, você pode acompanhar parte do trabalho.

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